A boa-nova é que, de alguns meses para cá, têm surgido marcas adaptadas para um tipo de consumidor geralmente relegado às margens do mercado
Entrar em uma loja e não encontrar nenhuma peça que lhe sirva por estar fora do padrão de beleza das grifes já é frustrante. Imagine, então, não conseguir nem mesmo experimentar uma roupa porque não há espaço suficiente no provador para a cadeira de rodas ou porque a calça não passa pela prótese da perna. Os 42 milhões de brasileiros que sofrem de algum tipo de deficiência física visual, auditiva e motora já passaram ao menos uma vez na vida por situação semelhante. A boa-nova: de alguns meses para cá, têm surgido marcas adaptadas para esse tipo de consumidor. Uma das pioneiras no país é a Iguall. A loja virtual foi criada pela nutricionista Fernanda Foltram a partir da experiência da filha, Helena, de 6 anos, diagnosticada com síndrome de West, um tipo raro de epilepsia que a obriga a usar uma sonda. A confecção inclui macacões, blusinhas, shorts e pijamas com espaço para a cânula alimentar. O mercado tem potencial para crescer — a mais recente edição da São Paulo Fashion Week, o maior evento de tendências da América Latina, levou cadeirantes à passarela em 2019.
Nos países ricos, o nicho tem sido explorado pelas grandes marcas. Recentemente, a americana Tommy Hilfiger lançou nos Estados Unidos uma coleção para o consumidor infantil e adulto com deficiência. Há calças, blusas, agasalhos, vestidos e camisas adaptados para cadeirantes e corpos com membros amputados. A grife já está na terceira coleção do tipo. À primeira vista, as peças da linha, batizadas de Spring Adaptive Collection (Coleção Adaptada de Primavera), não apresentam muitas diferenças quando comparadas às roupas normalmente criadas por Hilfiger. Mas os detalhes são quase um manifesto: botões especiais, fáceis de manipular, golas com velcro e zíperes que sobem e descem facilmente. São atitudes que merecem aplausos.