Burberry queima R$ 126 milhões em roupas não vendidas

Porta-voz da marca britânica diz que “a Burberry tem processos cuidadosos para minimizar a quantidade de excesso de estoque”

Ao longo de cinco anos, a marca de luxo Burberry queimou um estoque correspondente a 90 milhões de euros (aproximadamente 397 milhões de reais) Kevin Lee/Getty Images

A marca de luxo Burberry decidiu queimar 28,6 milhões de euros (126,4 milhões de reais) em roupas, bolsas e perfumes não vendidos. As informações foram divulgadas pelo jornal britânico The Times. Segundo a publicação, ao longo de cinco anos, a Burberry já destruiu um estoque correspondente a 90 milhões de euros (aproximadamente 397 milhões de reais). O famoso trench coat da empresa britânica chega a custar 1.450 euros (cerca de 6.410 reais).

Incinerar produtos encalhados, em vez de vendê-los em pontas de estoque ou doá-los, é uma estratégia usada na indústria da moda para proteger a imagem de uma marca.

“Além do desperdício de roupas e calçados que poderiam ser doados, reutilizados através de upcycling e transformados em novos produtos, também se incinera o trabalho árduo de milhões de pessoas nas linhas de produção, sem falar nos recursos naturais desperdiçados e que não são infinitos. A queima desses produtos também provoca impactos ambientais”, critica a professora de design de moda da ESPM Sul, Madeleine Muller.

A VEJA, um porta-voz da marca britânica disse que “a Burberry tem processos cuidadosos para minimizar a quantidade de excesso de estoque”.

Exclusividade

No mercado de luxo, em que a exclusividade é um dos maiores argumentos de venda, a prática é comum. Nos últimos dois anos, a Richemont, empresa que controla marcas como a Cartier e a Montblanc, comprou de volta de seus revendedores um estoque equivalente a R$ 2 bilhões e destruiu as peças. O objetivo da medida extrema, afirma o jornal inglês The Guardian, é evitar que os relógios sejam vendidos no mercado paralelo, o que prejudica a imagem das marcas e a precificação de seus produtos.

Nas grandes redes de fast fashion, a maior parte dos produtos encalhados é escoada em promoções, mas a prática de incineração também ocorre. Em 2017, a rede sueca H&M entrou na mira do Greenpeace por queimar roupas em larga escala. A marca, porém, afirma que só destrói peças que não tenham sido aprovadas em testes de qualidade — tais como aquelas que excedem os níveis de chumbo ou mofo.

Consultada por VEJA, a brasileira Renner afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que doa peças não-vendidas. “Os produtos remanescentes são ofertados em nossas campanhas de saldo e um volume residual é doado por meio de programas que têm como destinação final comunidades carentes”. A Riachuelo informou que remarca suas peças de roupa até vendê-las.

Procuradas, C&A e Pernambucanas não retornaram o contato até a publicação da matéria.